Madeira

12/2002

Lá longe, no meio do mar, ergue-se um pico perdido de uma montanha de Portugal. Lembro-me de quando era miúdo e ouvia falar dela como de uma terra inacessível, cuja existência se limitava ao mapa que havia pendurado na sala de aula ao lado do quadro preto, com as onze províncias de Portugal continental, e as então "ilhas adjacentes", que tínhamos de saber na ponta da língua se não queríamos apanhar uma reguada ou ficarmos voltados para o canto da sala com as famosas orelhas de burro, ainda que já no seu estertor final. Nunca conheci a Madeira dessa altura. Ouvia as músicas do Max na telefonia e nos discos de 45 rotações que punha a tocar no pick-up da minha mãe, mas só vim a conhecer «aquela terra distante, toda coberta p'lo mar», e a encantar-me com ela, muito mais tarde, nos anos 90. E já bem mais perto.