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Alain-Gilles Bastide


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Alain-Gilles Bastide, o imagista do fim do mundo

Foram precisos mais de 19 anos para que o "imagista" (como gosta de se chamar) Alain-Gilles Bastide reencontrasse os caminhos da fotografia.

Oficial alfandegário em 1968, Alain-Gilles Bastide descobriu a fotografia, concebendo-a como uma forma de mudar de rota.

"Estudo fotografia num pequeno foto-clube. Vou a todas, e em 1970, começo a ganhar a vida com meu trabalho fotográfico. Desde o início, interessa-me sobretudo o relacionamento texto-imagem. Um relacionamento novo, por vezes chamado "foto-poesia", em que o texto desenvolve uma relação poética com a imagem."

Desta descoberta nascem muitas experiências criativas. Alain-Gilles Bastide teve sempre um projecto fotográfico sobre o qual trabalhou: "Primeiros passos" (1968-1973), "O actor, a morte e o espelho" (1974), "Povos de minha aldeia" (1976), "Constat du désert par huissier assermenté " (1974-1976, uma série que incluia imagens de dois anos de viagens toda sobre o mundo), "La marée était en noir " (1976- primeiras fotos a cores do naufrágio do Amoco-Cadiz), "One ten Life Provocation" (1978), "O sonho azul de Estebán" (1979), "San-guine" (1980 - retratos dos manequins de cera tirados através das vitrinas parisienses e nova-iorquinas e publicadas na revista Zoom), "Kimonos de geometria variável " (1983).

"Com o aparecimento do formato 110 (equivalente ao 16 mm do cinema), obtenho uma imagem nova, com um acabamento que tende para o hiper-realismo."

A experiência culmina com a cobertura da explosão de uma plataforma petrolífera ao largo do México. As fotos "roubadas" a essa nova catástrofe por Alain-Gilles Bastide foram capa da Paris-Match e da imprensa internacional: uma "scoop", como dizem os jornalistas. Seguiu-se "O sonho azul de Estebán" relatando de forma poética o impacto da plataforma Ixtoc-One nos povos autóctones.

A revolução Digital e o fim do silêncio

A aventura fotográfica termina com a exposição "Kimonos de geometria variável" na galeria Marion Vallantine, em Paris: "Decidi parar de trabalhar em imagens de criação e ir viver para a América Latina, onde fiquei 20 anos. Trabalhava em imagens de comunicação, e a revolução digital trouxe-me de volta à fotografia de investigação".

A revolução digital deu também a Alain-Gilles Bastide uma oportunidade de voltar a pegar no seu cajado de peregrino e de se fazer à estrada pelo mundo fora. Ele acaba de regressar de um périplo fotográfico em Havana, "lá podemos ver o desgaste do tempo pelas marcas das gentes", antes de partir para Tchernobyl onde o "tempo parou de repente, brutalmente roubado"

Jean-Louis Libois

Tradução de João Varela